Embora a grande imprensa evite falar sobre as origens do Dia Internacional da Luta das Mulheres, o 8 de março faz parte do calendário de lutas históricas da classe trabalhadora. A data, que faz referência ao incêndio de uma fábrica têxtil novaiorquina que vitimou dezenas de operárias décadas antes, foi escolhida pelas mulheres presentes na Conferência das Mulheres Socialistas em 1910, a partir de uma proposta da socialista alemã Clara Zetkin. O dia também é lembrado devido à greve das tecelãs russas em 1917, que ficou conhecida como estopim da primeira fase da Revolução Russa. Desde então, mulheres do mundo todo vão às ruas nesta data para reforçar a luta contra o machismo, pelo fim da violência sexista, pela igualdade de direitos e por melhores condições de vida e de trabalho.
Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2014, as mulheres brasileiras são atualmente mais escolarizadas que os homens, mas recebem 30% menos para executar os mesmos serviços. São pouco representadas na política (ocupam pouco mais de 10% dos cargos políticos), continuam responsáveis pelos cuidados da casa e da família numa divisão sexual desigual do trabalho doméstico (as mulheres trabalham 24 horas semanais nestas tarefas, enquanto os homens declaram gastar 9 horas fazendo as mesmas coisas) e permanecem expostas ao machismo e à violência sexual e doméstica, que podem ser mais intensas a depender das variáveis de classe, raça e orientação sexual.
Em se tratando da nossa categoria, a questão da mulher nem de longe é um detalhe. De acordo com dados da Sinopse do Professor da Educação Básica, divulgada pelo MEC (Ministério da Educação) divulgados em 2010, as mulheres compõem 81,5% do total de professores da educação básica (infantil, fundamental, médio e profissional) do país. Em todos os níveis de ensino dessa etapa, com exceção da educação profissional, elas são maioria. Ainda de acordo com a pesquisa, ao final de 2010, existiam no país quase 2 milhões de professores, dos quais mais de 1,6 milhão eram do sexo feminino.
Os dados mostram que as desigualdades se repetem no ensino superior (universidade, centro universitário, faculdade). As jovens brasileiras são maioria entre os universitários – 3 milhões entre os 5,4 milhões de estudantes – e entre os doutores – desde 2004, as mulheres superaram os homens no doutorado e representam 51,5% do total –, elas são menos numerosas que os homens nos cargos de docente. Mas de acordo com o Censo da Educação Superior, dos 345 mil professores universitários em exercício no ano de 2010, apenas 154 mil (45% do total) eram mulheres.
Essa disparidade seria consequência de uma visão eminentemente machista: as mulheres ainda são associadas a características como atenção, paciência e delicadeza, consideradas necessárias para o exercício do magistério na educação infantil, ao mesmo tempo em que seguem discriminadas no ambiente acadêmico e cientifico, historicamente dominado pelos homens. Isso significa que grande parte da nossa categoria vive cotidianamente uma realidade de dupla exploração, que compromete significativamente o processo de ensino e aprendizado e sustenta o lucro bilionário dos empresários da educação.
O Sinpro Guarulhos compreende a luta da mulher trabalhadora como fundamental para vencer os desafios do mundo do trabalho e saúda a luta das centenas de professoras que compõem a nossa categoria. Lembramos ainda que o 8 de março é um dia de luta e convidamos a categoria a participar da tradicional manifestação do Dia de Luta da Mulher Trabalhadora neste domingo às 10h em frente à Tv Gazeta na Av. Paulista, em São Paulo.
Ato do 8 de Março (São Paulo)
Dia 08-03 às 10h
Avenida Paulista 900 - Teatro Gazeta