A publicação dos resultados do ENEM por escola e o conseqüente ranqueamento nos coloca diante de diversos questionamentos de caráter pedagógico e de caráter político.
Desde que tem sido divulgado na forma de ranking que algumas questões se tornam imperativas e, por isso mesmo, inadiáveis em relação ao ENEM.
A primeira delas diz respeito às políticas públicas para a educação: as avaliações são muitas e apesar de revelarem uma ou outra questão relevante, via de regra são exames para constatar o que pode ser visto a olho nu. No caso do ENEM vimos perplexos a enorme quantidade de matérias na grande imprensa que destacaram o fosso que existe entre a escola pública e a escola privada.
Nesse ponto, reflexões elementares tornam-se oportunas, como, por exemplo, o descaso acintoso dos governos com a educação pública, a remuneração dos professores da rede pública e privada – salvo raríssimas exceções -, cujos salários são sabidos por toda sociedade, as condições de trabalho e a crescente conversão de educação em mercadoria. Outra questão ainda nesse ponto diz respeito às camadas sociais que se vêem representadas no topo do ENEM: são famílias que podem pagar muitas vezes mais numa mensalidade escolar do que a grande maioria da população recebe como salário mensal. Fosse apenas a indignação que esse fato causa, em si mesmo, e estaríamos diante de um problema, relativamente, menor.
No entanto, o ENEM tem servido há anos como recurso mercadológico que só interessa aos empresários da educação, promovendo enorme constrangimento entre professores, alunos e demais sujeitos envolvidos no processo da educação. Já que o resultado corrente da publicação do ENEM desemboca na tentativa de culpabilizar os professores pelo desempenho que a escola apresenta.
É curioso, também, o fato de que o ranking seja divulgado às vésperas da renovação de matrículas das escolas particulares, do mesmo modo é curioso que entre as escolas particulares torne-se usual uma concorrência em torno de um resultado que, por estar na pauta do dia, assegura às famílias/ clientes uma ilusão instantânea que garante sucesso para seus filhos no futuro.
Ora, é fundamental tratarmos dos aspectos ideológicos enraizados em avaliações como estas, pois como sistema nacional de ensino é no mínimo duvidoso que os resultados desses exames sejam praticamente ignorados pelas melhores universidades do país – por sinal públicas – e tão valorizados pelas universidades privadas que o utilizam como parâmetro para a concessão de bolsas na modalidade PROUNI.
Mais grave ainda é o fato do ENEM legitimar a divisão das escolas entre as boas e as ruins, leia-se as escolas da e para a elite e as escolas do e para o povo. Nesse sentido, os aspectos ideológicos recaem sobre os pedagógicos: se há mais de dez anos se constata a mesma coisa com o ENEM , sem que haja uma proposta efetiva para mudança desse quadro, para quê se avalia? Aliás de que avaliação tratamos quando o foco é designar qualidade ou não? Assim , o ENEM além de não resolver os graves e históricos problemas da educação brasileira, ainda os acentua, incentivando a oferta de uma escola apostilada, padronizada e pasteurizada que segrega ao invés de emancipar.
Desde que tem sido divulgado na forma de ranking que algumas questões se tornam imperativas e, por isso mesmo, inadiáveis em relação ao ENEM.
A primeira delas diz respeito às políticas públicas para a educação: as avaliações são muitas e apesar de revelarem uma ou outra questão relevante, via de regra são exames para constatar o que pode ser visto a olho nu. No caso do ENEM vimos perplexos a enorme quantidade de matérias na grande imprensa que destacaram o fosso que existe entre a escola pública e a escola privada.
Nesse ponto, reflexões elementares tornam-se oportunas, como, por exemplo, o descaso acintoso dos governos com a educação pública, a remuneração dos professores da rede pública e privada – salvo raríssimas exceções -, cujos salários são sabidos por toda sociedade, as condições de trabalho e a crescente conversão de educação em mercadoria. Outra questão ainda nesse ponto diz respeito às camadas sociais que se vêem representadas no topo do ENEM: são famílias que podem pagar muitas vezes mais numa mensalidade escolar do que a grande maioria da população recebe como salário mensal. Fosse apenas a indignação que esse fato causa, em si mesmo, e estaríamos diante de um problema, relativamente, menor.
No entanto, o ENEM tem servido há anos como recurso mercadológico que só interessa aos empresários da educação, promovendo enorme constrangimento entre professores, alunos e demais sujeitos envolvidos no processo da educação. Já que o resultado corrente da publicação do ENEM desemboca na tentativa de culpabilizar os professores pelo desempenho que a escola apresenta.
É curioso, também, o fato de que o ranking seja divulgado às vésperas da renovação de matrículas das escolas particulares, do mesmo modo é curioso que entre as escolas particulares torne-se usual uma concorrência em torno de um resultado que, por estar na pauta do dia, assegura às famílias/ clientes uma ilusão instantânea que garante sucesso para seus filhos no futuro.
Ora, é fundamental tratarmos dos aspectos ideológicos enraizados em avaliações como estas, pois como sistema nacional de ensino é no mínimo duvidoso que os resultados desses exames sejam praticamente ignorados pelas melhores universidades do país – por sinal públicas – e tão valorizados pelas universidades privadas que o utilizam como parâmetro para a concessão de bolsas na modalidade PROUNI.
Mais grave ainda é o fato do ENEM legitimar a divisão das escolas entre as boas e as ruins, leia-se as escolas da e para a elite e as escolas do e para o povo. Nesse sentido, os aspectos ideológicos recaem sobre os pedagógicos: se há mais de dez anos se constata a mesma coisa com o ENEM , sem que haja uma proposta efetiva para mudança desse quadro, para quê se avalia? Aliás de que avaliação tratamos quando o foco é designar qualidade ou não? Assim , o ENEM além de não resolver os graves e históricos problemas da educação brasileira, ainda os acentua, incentivando a oferta de uma escola apostilada, padronizada e pasteurizada que segrega ao invés de emancipar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário